Palmares, 29 de março de 2024

A SINODALIDADE DOS FIÉS LEIGOS E LEIGAS NA IGREJA

30 de outubro de 2021   .    Visualizações: 972   .    Palavra do Bispo

Segundo o Vaticano II, o Povo que forma a Igreja é composto por aqueles que recebem o sacramento do batismo e participam da vida em comunidade, constituindo o tríplice múnus de Cristo. Aqueles que verdadeiramente ouvem os ensinamentos de Jesus e assumem os desafios de seguir seus passos, testemunhando esse compromisso através de ações, pondo em prática sua vocação, segundo seu ministério, servindo a Deus, continuando a missão deixada por Cristo aos seus apóstolos. É marcante a presença e missão dos milhares de leigos e leigas que se colocam a serviço da vida em todos os aspectos, sendo fundamentais para a vida de nossas comunidades, formando uma Igreja missionária, solidária, profética e sinodal, tendo a missão de testemunhar e difundir o evangelho, “sendo sal da terra e luz do mundo” (Mt 5, 13- 14).

Os desafios de se dispor ao serviço são constantes e muitas vezes até desanimadores ao longo da caminhada, mas graças ao testemunho de fé e de fidelidade à Palavra de Deus, muitos são os homens e mulheres que, inquietos com as injustiças da sociedade, com a opressão, com o descaso, com todas as mazelas a que muitos irmãos e irmãs são sujeitos nos dias de hoje, dão seu testemunho de luta e de resistência a favor da vida, sempre guiados à luz do evangelho, nutrindo-se e fortalecendo-se nas convivências diárias da comunidade, nas rodas de conversa, nas celebrações da Palavra e celebrações dominicais, nas quais são alimentados com a seiva da vida que é a Santíssima Eucaristia e essa “faz a Igreja”.

É notório que a sinodalidade já é algo peculiar na vida do Povo de Deus que se nutre do Cristo, sinônimo de Comunhão, pois este é essencial para que a vida em comunidade seja saudável. Assim, compreende-se que “caminhar juntos” é inerente àqueles que buscam viver o mistério salvífico de Cristo em “comum união”.

Nossa Igreja é marcada por um rosto laical de pessoas comprometidas com a causa do Reino de Deus. Na cidade e nas comunidades rurais temos referências de leigos e leigas que cada vez mais assumem o seu papel de agentes transformadores, que lutam por uma sociedade justa, fraterna e mais humanas e por isso mesmo são comprometidos com o projeto de Cristo.

Promover o diálogo fraterno tendo como cerne a escuta, a promoção do encontro um com o outro e com a Palavra, através desses serviços ofertados pelos leigos e leigas dentro da comunidade cristã, culmina no amadurecimento da santidade permitindo uma aproximação íntima e verdadeira com o Pai.

O Santo Padre Papa Francisco, reconhece nos leigos e leigas a disponibilidade, capacidade de diálogo, profetismo, coragem e dinamismo para animar e dar vida às comunidades cristãs, superando os desafios que ainda são presentes na missão da Igreja, destacando a necessidade de a Igreja ser formada por leigos/as que possuam dinâmica e ousadia capaz de superar os desafios presentes em cada realidade. “Com efeito, onde houver uma necessidade peculiar, Ele (o Espírito Santo) já infundiu carismas que permitam dar-lhe resposta. Isto requer, na Igreja, capacidade para abrir estradas à audácia do Espírito, confiar e concretamente permitir o desenvolvimento duma cultura eclesial própria, marcadamente laical” (Querida Amazônia, n.94).

Em um dos seus pronunciamentos, o Papa afirma que “A sinodalidade expressa a natureza da Igreja, a sua forma, o seu estilo, a sua missão”, ou seja, viver a sinodalidade não é algo de agora, não é uma “modinha” que daqui a pouco será descartada, mas é algo essencial, identificada na primazia da evangelização cristã da Igreja. É importante que os/as leigos/as tenham total consciência do verdadeiro sentido de “caminhar juntos” como Povo de Deus que anima e sustenta a vida das diversas comunidades formadoras da Igreja,“ nosso ‘caminhar juntos’ é o que mais implementa e manifesta a natureza da Igreja como Povo de Deus peregrino e missionário” (Documento preparatório, 2021).

Como filhos e filhas de Deus, caminhamos confiantes na graça de convivermos em comunidade, partilhando a Palavra, o pão e a vida para que Jesus Cristo seja sempre nosso sustento.

 

 

 

Dom Fernando Barbosa dos Santos, CM
Bispo da Diocese de Palmares/PE


Foto: CNBB

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