Palmares, 22 de dezembro de 2024

POVO DE DEUS PEREGRINO – Pe. Bráulio Lins

08 de junho de 2019   .    Visualizações: 922   .    Notícias da Diocese

POVO DE DEUS PEREGRINO

O povo de Deus, no Antigo Testamento, recebeu vários nomes. Além de judeus e israelitas, os que faziam parte desse povo se chamam hebreus.

“A palavra hebreu está ligada a Heber, tataraneto de Sem” (Gn 10,25).

“Essa palavra deriva de Abar, cruzar, um radical encontrado novamente na mesopotâmia como habiru, um termo para os saqueadores que vinham das estepes.  O hebreu, então é, ‘aquele que cruza’, o homem de grandes peregrinações” (Pe. Henri Daniel Rops).

Esse nome traz em relevo uma característica profundamente cristã: somos um povo peregrino. O Judaísmo é nosso berço; Jesus e a Igreja primitiva se moviam nesse ambiente.

Há três palavras usadas no Novo Testamento que indicam a atitude da Igreja enquanto peregrina neste mundo:

1) Xenos: Pode significar estranho ou forasteiro, errante ou refugiado. Ele não é cidadão natural, não é um habitante da própria terra.

Normalmente, o forasteiro vive numa situação desconfortável. Por mais lindo ou útil que seja o lugar onde habita, sente que nunca está em casa e ali não é sua morada permanente. Seu estilo de vida é estranho e isso pode incomodar. Assim também são os cristãos, não se amoldam aos padrões de deste mundo.

2) Parepidêmos: Refere-se a pessoa que se estabelecera temporariamente em um lugar. Essa palavra acentua as características de provisoriedade.

O cristão é habitante temporário nesse mundo. É essencialmente uma pessoa que está a caminho. O cristão, mesmo residindo aqui, está sempre com os olhos no “além”. Ele não rejeita o mundo em que vive, mas também sabe que sua morada aqui não é definitiva.

3) Paroikos: O que mora em um lugar, mas não é cidadão naturalizado dali. Pagava-se imposto de estrangeiro e era um forasteiro licenciado. Morava naquele lugar, mas não abria mão da cidadania do lugar ao qual realmente pertencia. É dessa palavra que deriva o termo “paróquia”.

O cristão é, em sua essência, aquele cuja única cidadania verdadeira é a cidadania do Reino de Deus, embora cumpra seu papel de cidadão onde mora.

Os povos que não têm uma habitação fixa e vivem mudando de lugar desenvolvem algumas características e dentre elas, destacam-se:

1- Não acumulam muitas coisas. Ter o necessário, possuir poucas coisas, será de grande praticidade na hora de mudar de um lugar para outro. Assim, como esses povos, os cristãos deveriam desenvolver um estilo de vida simples, despojado e não marcado pelo supérfluo.

2-O impulso para a mudança e, consequentemente, a peregrinação, se deve a atitude de dirigir os olhos para o que está adiante e que excede em qualidade.  Assim também, o cristão é convicto que a sua pátria definitiva, que está adiante, é infinitamente melhor que qualquer lugar ou prazer deste mundo.

Enquanto peregrinamos, ressoe em nosso coração as palavras de São Paulo:

“O que Deus preparou para os que o amam é algo que os olhos jamais viram, nem os ouvidos ouviram, nem coração algum jamais pressentiu” (1 Cor 2,9)

Nossa Senhora, mãe peregrina de filhos peregrinos, rogai por nós!

Pe. Bráulio Lins

Pároco da Paróquia de Santa Luzia – Palmares/PE

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