No Consistório deverá ser anunciada a data da canonização da Beata Irmã Dulce Lopes, tão aguardada no Brasil.
O Mestre das Celebrações Litúrgicas Pontifícias, Monsenhor Guido Marini, informa que próxima segunda-feira, 1º de julho, o Santo Padre presidirá às 10 horas, na Sala Clementina, a celebração da Hora Terceira e o Consistório Ordinário Público para a Canonização de cinco Beatos, entre os quais Irmã Dulce Lopes Pontes.
Os outros são John Henry Newman, cardeal, fundador do Oratório de São Filipe Néri na Inglaterra; Giuseppina Vannini (no século Giuditta Adelaide Agata), fundadora das Filhas de São Camilo; Maria Teresa Chiramel Mankidiyan, fundadora da Congregação das Irmãs da Sagrada Família e Margherita Bays, Virgem, da Ordem Terceira de São Francisco de Assis.
O decreto que reconheceu o milagre atribuído à intercessão de Irmã Dulce havia sido autorizado pelo Santo Padre em 13 de maio de 2019, durante audiência com o cardeal Angelo Becciu, prefeito da Congregação das Causas dos santos, e publicado no dia seguinte.
Na mesma data, também foi reconhecido o milagre atribuído à intercessão da Beata Giuseppina Vannini, nascida em Roma em 7 de julho de 1859 e falecida na capital italiana em 23 de fevereiro de 1911.
Já o decreto que autorizava a canonização do cardeal John Henry Newman e da Beata Maria Theresa Chiramel Mankidiyan, havia sido publicado em 13 de fevereiro de 2019.
Maria Rita de Sousa Brito Lopes Pontes nasceu em 26 de maio de 1914 em Salvador, Bahia. Aos seis anos perdeu sua mãe, sendo educada por suas tias. Aos 13 anos, uma delas a levou para conhecer as áreas mais pobres da cidade, fato que despertou nela uma grande sensibilidade. Aos 18 anos ingressou na Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, onde começou a ser chamada Dulce.
Uma das inspirações para o discernimento de sua vocação foi a vida de Santa Teresinha do Menino Jesus. “A exemplo de Santa Teresina, penso que todos os pequenos atos de amor, por menores que sejam, agradam ao Menino Jesus”, dizia. Assim, seus pequenos atos de amor foram traduzidos em grandes obras sociais. Irmã Dulce fundou a união dos trabalhadores de São Francisco, um movimento cristão de trabalhadores na Bahia. Iniciou depois a acolher pessoas doentes em casas abandonadas em uma ilha em Salvador da Bahia. Mais tarde, foram despejados e a religiosa transferiu a estrutura de acolhida para um antigo mercado de peixe, mas foi obrigada a abandonar o local. Assim, o único lugar onde ele poderia acomodar mais de 70 pessoas que precisavam de assistência médica era o galinheiro do convento onde vivia, que rapidamente transformou-se em um hospital improvisado.
Assim começou a história de outra de suas fundações: o hospital Santo Antônio, inaugurado oficialmente em maio de 1959, com 150 leitos. Atualmente, recebe 3.000 pacientes por dia. Hoje suas fundações são conhecidas como as Obras Sociais de Irmã Dulce, Osid
Nos últimos 30 anos de vida, a saúde da irmã Dulce estava muito debilitada. Ele tinha apenas 30% da capacidade respiratória. Em 1990 começou a piorar e por 16 meses permaneceu hospitalizada, oportunidade em que recebeu a visita do Papa João Paulo II, com quem havia tido uma audiência privada dez anos antes.
Ela foi transferida para o Convento de Santo Antônio, onde veio a falecer em 13 de março de 1992. Milhares de pessoas em condições de extrema pobreza reuniram-se para dar a ela o último adeus.
Seu corpo foi transferido para a Igreja da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, onde se descobriu que ele havia permanecido incorrupto. O milagre que permitiu sua beatificação ocorreu em 2001. Este fato foi a confirmação de uma vida virtuosa, centrada na oração e na caridade, a partir das menores coisas. “O amor supera todos os obstáculos, todos os sacrifícios”, disse a irmã Dulce.
Nascido em Londres em 1801, ainda jovem foi ordenado diácono da Igreja Anglicana. Após um intenso percurso de reflexão e oração, compreende que a Igreja de Roma é a verdadeira custódia dos ensinamentos de Jesus Cristo e se converte à fé católica. Em 1847 foi ordenado sacerdote e institui o Oratório de São Filipe Néri na Inglaterra. Criado cardeal pelo Papa Leão XIII em 1879, faleceu em Bimingham em 11 de agosto de 1890.
O cardeal Newman foi beatificado por Bento XVI em 19 de setembro de 2010 em Cofton Park di Rednal, em Birminghan, Inglaterra. Em suas palavras na homilia de beatificação recordou o seu lema que era Cor ad cor loquitur, “O Coração fala ao coração” e um pequeno trecho de seus escritos:
“O hábito da oração, que é a prática de se dirigir a Deus e ao mundo invisível em cada época, em todos os lugares, em qualquer emergência, a oração, digo, possui aquilo que pode ser chamado um efeito natural no espiritualizar e elevar a alma. Um homem já não é o que era antes; gradualmente… interiorizou um novo sistema de ideias e tornou-se impregnado de princípios límpidos (Parochial and plain sermons, IV, 230-231).”
O Papa Bento XVI recordou também que “o ensinamento do Beato John Henry sobre a oração explica como o fiel cristão se colocou de modo definitivo ao serviço do único verdadeiro Mestre, e só Ele tem o direito à nossa devoção incondicionada (cf. Mt 23, 10). Newman ajuda-nos a compreender o que isto significa na nossa vida quotidiana: diz-nos que o nosso Mestre divino atribuiu uma tarefa específica a cada um de nós, um «serviço bem definido», confiado unicamente a cada indivíduo:
“Eu tenho a minha missão — escrevia — sou um elo numa corrente, um vínculo de ligação entre as pessoas. Ele não me criou para nada. Praticarei o bem, realizarei a sua obra; serei um anjo de paz, um pregador de verdade precisamente no meu lugar… se o fizer obedecerei aos seus mandamentos e servi-lo-ei na minha vocação (Meditations and devotions, 301-2).”
Sobre a importância de um laicato preparado para os dias de hoje, recorda-nos o cardeal Newman:
“Quero um laicato não arrogante nem polêmico, mas homens que conheçam a própria religião, que entrem nela, que saibam bem onde se erigem, que saibam o que crêem e não crêem, que conheçam de tal modo o próprio credo que dele prestem contas, que conheçam bem a própria história para a poder defender (The Present Position of Catholics in England, IX, 390).”
A Beata Mariam Thresia Mankidijan foi a segunda religiosa indiana elevada às honras dos altares pelo Papa João Paulo II, em 9 de abril de 2000, depois da Beata Alfonsa da Imaculada Conceição.
Nascida em Putenchira (Estado de Kerala, Índia) em 26 de abril de 1876, em uma nobre família decadente, recebeu a educação cristã de sua mãe, que veio a falecer quando tinha 12 anos. Desde tenra idade passou a se dedicar aos cuidados dos doentes e moribundos, consagrando sua vida ao Senhor.
Não conseguindo se tornar freira ou eremita, junto com três amigas colocou-se a serviço da igreja paroquial, visitando e confortando os mais necessitados, os órfãos e os doentes graves, incluindo aqueles com varíola e hanseníase.
Ela não foi imediatamente compreendida pelas autoridades eclesiásticas, nem pelos habitantes de seu povoado que não aprovavam suas atividades, visto que contrariavam o costume de que as meninas não deveriam sair sozinhas.
Ele foi gratificada por experiências místicas, visões e fenômenos extraordinários, tendo a experiência das dores da crucificação e dos estigmas. Especialmente nos primeiros tempos, tudo isto suscitou mal-entendidos, desconfianças e escárnios.
Seu diretor espiritual, Pe. Giuseppe Vithayathil, aconselhou-a muito na fundação de uma família religiosa, e depois de uma tentativa de vida comunitária entre as Carmelitas Descalças, ela teve a autorização do bispo para fundar a Congregação das Irmãs da Sagrada Família.
Os principais objetivos eram a educação cristã da juventude feminina, a assistência aos doentes, especialmente os mais graves e moribundos, a ajuda aos mais necessitados, além, naturalmente, da oração e da meditação.
Ele esteve à frente da nova Congregação por doze anos, formando com grande cuidado as noviças, fundando três novos conventos, duas escolas, dois colégios internos, uma casa de estudos e um orfanato, em poucos e difíceis anos, enquanto o mundo era assolado pela Primeira Guerra Mundial.
Após uma ferida gangrenosa, veio a falecer aos 50 anos em Kuzhikkattusseny, em 8 de junho de 1926. Sua Obra se espalhou para muitas partes do mundo e no ano de 2000, contava com 1592 freiras e 119 noviças.
Nascida em 8 de setembro de 1815 em La Pierraz, pequena cidade de Siviriez, perto de Friburgo, a leiga Margherita Bays viveu como costureira, dona de casa e catequista. Foi incansável apoiadora da imprensa católica durante o Kulturkampf. Mas o evento que a transformou radicalmente foi o dom dos estigmas. Ela também recebeu uma cura considerada milagrosa de um câncer no intestino, precisamente em 8 de dezembro de 1854, quando Pio IX proclamava o dogma da Imaculada. Faleceu em Siviriez em 27 de junho de 1879, sendo beatificada em 1995 juntamente com duas religiosas suíças: Maria Teresa Scherer e Maria Bernarda Butler. Seu corpo jaz na igreja de Siviriez.
Fonte: https://www.vaticannews.va/pt/papa/news/2019-06/papa-consistorio-ordinario-publico-canonizacao-irma-dulce-lopes.html