Palmares, 24 de abril de 2024

Amados e chamados

01 de setembro de 2020   .    Visualizações: 697   .    Notícias da Diocese

Dom Genival Saraiva
Bispo Emérito de Palmares (PE)

“Amados e chamados por Deus”: esse é tema, fio condutor da vida da Igreja, no Brasil, ao promover o “mês vocacional” de 2020. A iluminação bíblica, identificada no lema, confirma o amor preferencial de Deus pelo ser humano: “És precioso aos meus olhos. Eu te amo”(Is 43,4). O zelo da Comissão Episcopal Pastoral para os Ministérios Ordenados e Vida Consagrada, da CNBB, e das Comissões Regionais e Diocesanas alimenta a causa das vocações, permanentemente; todavia, durante o mês de agosto, realiza atividades especiais que tocam o coração e falam à mente dos vocacionados. Em face da pandemia, que ainda impõe muitas restrições a pessoas e instituições, em relação a encontros presenciais, as atividades têm uma linguagem contextualizada, que revela limites, mas também conta com inovações criativas. Com certeza, confirma isso a experiência vivenciada pelas pessoas e pelas instituições, em todas as Regiões do País. Como acontece todos os anos, o mês vocacional ajuda a pessoa vocacionada a perceber a penumbra ou a vislumbrar a aurora do discernimento de sua vida, de sua autorrealização que, substancialmente, tem diante de si uma tríplice direção: ministério ordenado, vida consagrada e vida familiar/serviço à comunidade. Assim, fala-se, com propriedade, de vocação ao ministério ordenado (diácono, presbítero e bispo), comemorada na 1ª semana do mês de agosto; este ministério, por natureza, é necessário, é inerente ao próprio ser da Igreja. A vocação à vida consagrada, abraçada por homens e mulheres que fazem os votos de castidade, pobreza e obediência, num gesto de total doação ao Reino, é comemorada na 3ª semana, cuja programação compreende a Semana Nacional da Vida Consagrada. A vocação à vida familiar, com o olhar para pai, mãe e filhos, comemorada na 2ª semana, tem o alcance que lhe dá a Semana Nacional da Família, há vários anos, graças, especialmente, ao trabalho da Pastoral Familiar. Na 4ª semana, é distinguido o serviço à comunidade, por parte de leigos e leigas, em razão do seu sacerdócio batismal. Um dos serviços à comunidade, tão antigo quanto a história da Igreja, a Catequese, tem a marca registrada da participação predominante dos leigos e leigas, em todas as Paróquias. Como ensina a Igreja, “A vocação do leigo à catequese tem origem no sacramento do Batismo e se fortalece pela Confirmação, sacramentos mediante os quais ele participa do ‘ministério sacerdotal, profético e real’ de Cristo.”  Os frutos desse trabalho generoso são saboreados por cada cristão e por cada cristã que, agradecidos, recordam seu catequista, sua catequista, cujo reconhecimento se revela, simbolicamente, na comemoração do Dia dos Catequistas, no último domingo do mês vocacional.

Cada vocação tem Deus na sua origem. Cada vocacionado/vocacionada é precioso aos olhos de Deus, como ensina o profeta Isaías, é amado e chamado por Deus, como proclama a Igreja no Brasil. Observadas as etapas do processo de formação, o vocacionado vê realizado o seu projeto de vida, pela via pertinente da ordenação, consagração, recepção, de conformidade com a natureza da vocação. Assim, o seminarista se torna ministro ordenado, ao receber o Sacramento da Ordem nos graus diaconal e presbiteral. A inserção na vida consagrada torna a pessoa membro de uma família religiosa que tem na vida comunitária uma das suas expressões distintivas, de acordo com o carisma escolhido. O universo leigo, por sua amplitude, recebe “ministérios não ordenados” – ministérios “reconhecidos” pela Igreja porque estão “ligados a um serviço significativo para a comunidade temporariamente”, ministérios “confiados”, conferidos “por meio de gesto litúrgico ou canônico”.

A comunidade cristã manifesta um gesto de grandeza humana e de maturidade da fé, ao celebrar o mês vocacional e nele homenagear as pessoas que, segundo a sua vocação, colocam sua vida a serviço da missão na igreja e na sociedade.


Fonte: CNBB

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