Uma fé sem dom e gratuidade é como um jogo bem jogado, mas sem gol. Uma fé sem obras de caridade nos torna tristes, disse Francisco ao comentar o Evangelho deste domingo.
Bianca Fraccalvieri – Cidade do Vaticano
“Um teste sobre a nossa fé”: assim o Papa comentou o Evangelho deste 28° Domingo do Tempo Comum, ao rezar com os fiéis e peregrinos reunidos na Praça São Pedro o Angelus dominical.
O Evangelista Marcos narra o encontro de Jesus com um homem rico, do qual não se sabe nem a idade, nem o nome. Neste “alguém”, disse o Papa, todos podemos nos reconhecer e nos permite fazer um “teste sobre a fé”.
O homem começa com uma pergunta: “Que devo fazer para ganhar a vida eterna?”. Eis a sua religiosidade, observou Francisco: um dever, um fazer para obter. Mas esta é uma relação comercial com Deus. Ao invés, a fé não é um rito frio e mecânico. É questão de liberdade e de amor.
Então podemos fazer o primeiro teste: para mim, que é a fé? Se é principalmente um dever ou uma moeda de troca, estamos no caminho errado, porque a salvação é um dom e não um dever, é gratuita e não se pode comprar. O primeiro passo, portanto, é nos libertar de uma fé “comercial e mecânica”.
Na sequência, Jesus ajuda aquele “alguém” oferecendo-lhe a verdadeira face de Deus. O texto diz: “Jesus olhou para ele com amor”. Eis de onde nasce e renasce a fé: não de um dever ou de algo a fazer, mas de um olhar de amor a acolher. Não se baseia nas nossas capacidades e projetos. Se a sua fé está cansada e você quer rejuvenescê-la, o Papa indica:
Depois da pergunta e do olhar, há um convite de Jesus: “Vai, vende tudo o que tens e dá aos pobres”.
“Talvez é isto que nos falte também a nós. Com frequência, fazemos o mínimo indispensável, enquanto Jesus nos convida ao máximo possível. Não podemos nos contentar dos deveres, preceitos e algumas orações. A fé não pode se limitar aos “nãos”, porque a vida cristã é um “sim,”; um “sim,” de amor.
Uma fé sem dom e gratuidade é como um jogo bem jogado, mas sem gol. Uma fé sem obras de caridade nos torna tristes.