Palmares, 23 de novembro de 2024

Paixão do Senhor: Cantalamessa, o coronavírus nos despertou do delírio de onipotência

10 de abril de 2020   .    Visualizações: 527   .    Notícias da Igreja

“Em um segundo, abateu todas as barreiras e as distinções: de raça, religião, censo e poder. Não devemos voltar atrás quando este momento tiver passado. Como tem nos exortado o Santo Padre, não devemos desperdiçar esta ocasião. Não deixemos que tanta dor, tantas mortes, tanto esforço heroico por parte dos profissionais de saúde tenha sido em vão. É esta a “recessão” que mais devemos temer”, disse o pregador da Casa Pontifícia.

Cidade do Vaticano

“Eu tenho um desígnio de paz, não de sofrimento.” Este foi o tema da pregação do frei Raniero Cantalamessa, desta Sexta-feira da Paixão do Senhor (10/04), durante a Liturgia da Paixão e da Adoração da Cruz, na Basílica de São Pedro.

“A cruz é melhor compreendida pelos seus efeitos do que pelas suas causas. E quais foram os efeitos da morte de Cristo? Justificados pela fé nele, reconciliados e em paz com Deus, repletos de esperança de uma vida eterna”, disse o pregador da Casa Pontifícia.

A cruz de Cristo mudou o sentido da dor

Referindo-se à situação causada pela pandemia de coronavírus, o frei capuchinho ressaltou que “há um efeito que a situação em andamento nos ajuda a colher em particular. A cruz de Cristo mudou o sentido da dor e do sofrimento humano. De todo sofrimento, físico e moralEla não é mais um castigo, uma maldição. Foi redimida pela raiz, quando o Filho de Deus a tomou sobre si. E não só a dor de quem tem fé, mas toda dor humana. Ele morreu por todos. “Quando eu for elevado da terra, disse Jesus, “atrairei todos a mim”. Todos, não somente alguns!”

“Sofrer, escrevia São João Paulo II do seu leito no hospital após o atentado, significa tornar-se particularmente receptivo, particularmente aberto à ação das forças salvíficas de Deus, oferecidas em Cristo à humanidade”. Graças à cruz de Cristo, o sofrimento se tornou também ele, à sua maneira, uma espécie de “sacramento universal de salvação” para o gênero humano.”

O vírus nos recorda que somos mortais

A seguir, Cantalamessa perguntou: “Qual é a luz que tudo isso lança sobre a situação dramática que a humanidade está vivendo?”

“Também aqui, mais do que para as causas, devemos olhar para os efeitos. Não apenas os negativos, dos quais ouvimos todo dia as tristes manchetes, mas também os positivos, que somente uma observação mais atenta nos ajuda a colher.”

“A pandemia de coronavírus nos despertou bruscamente do perigo maior que sempre correram os indivíduos e a humanidade, o do delírio de onipotência.”

“Temos a ocasião, escreveu um conhecido Rabino judeu, de celebrar este ano um especial êxodo pascal, o “do exílio da consciência”.

“Bastou o menor e mais informe elemento da natureza, um vírus, para nos recordar que somos mortais, que o poderio militar e a tecnologia não bastam para nos salvar.”

“Não dura muito o homem rico e poderoso”, diz um salmo da Bíblia, “é semelhante ao gado gordo que se abate”. E é verdade!”

Deus chora hoje pelo flagelo que caiu sobre a humanidade

“Deus é nosso aliado, não do vírus! Se esses flagelos fossem castigos de Deus, não seria explicado por que eles caem igualmente nos bons e nos maus, e por que geralmente são os pobres que têm as maiores consequências. Eles seriam mais pecadores que outros?”