Na realidade contemporânea, provamos uma verdadeira revolução causada pela internet e as novas tecnologias: meios que possibilitam o alcance rápido, e até instantâneo, de todo e qualquer tipo de informação. É impossível, hoje, pensar as ações humanas desconectadas do ambiente digital. A tecnologia tornou-se uma extensão de nossas vidas.
Visto que a sociabilidade não é algo acrescido ao ser humano, mas uma exigência intrínseca, houve um rompimento das barreiras do real, do contato pessoal, para dar espaço a um mundo novo, o virtual. Com isso, a comunidade humana encontra-se interligada através das “mídias sociais”.
O meio digital modificou, com radicalidade, os relacionamentos e proporcionou novas formas de pensar, sentir e agir. Além de trazer diversos benefícios, como a proximidade e as novas possibilidades de aprendizado.
Porém, é necessário cuidado e conhecimento sobre essa realidade, para que saibamos agir e nos comportar diante dela; saibamos encontrar a verdade em meio a tanta poluição e superficialidade.
Dentro do ser humano existe um grande anseio pela felicidade, algo natural e divino. Este desejo, como ensina o Catecismo da Igreja Católica (CIC 1718), foi Deus mesmo quem colocou, com a finalidade de nos atrair para Ele: o único que pode nos saciar.
Fernando Nunes, especialista em gestão de design e sócio fundador da Adora Comunicação Católica, explica que dentro das mídias sociais presenciamos essa busca pela felicidade, porém de uma forma distorcida. A necessidade de demonstrá-la é quase que obrigatória, e em muitos casos não se expõe a verdade. Vive-se no âmbito digital um personagem, que está sujeito até mesmo aos extremos de adoecer em busca de afirmações e reconhecimentos, calculados pelos ‘likes’.
‘’No ambiente virtual, a imagem comunica muito e é mais aceita que os textos: pela agilidade em que apresenta o conteúdo. O grande perigo é o fato de que são produzidas em busca de curtidas, com o propósito de apresentar uma falsa felicidade, um ‘mundo perfeito’, inexistente. Como exemplo, podemos citar o fato de que as publicações que normalmente fazem sucesso são fotos de lugares paradisíacos, momentos incríveis e diversos conteúdos que estampam uma alegria momentânea, ilusória”, ressaltou Fernando, que além de designer é professor de fotografia.
Para ele , o grande desafio do comunicador católico é inserir neste ‘mundo perfeito’ um caminho que não produz o prazer imediato, mas revela uma felicidade além dos likes. ‘’Temos por vocação o anúncio da verdadeira felicidade que é Cristo: a felicidade que não passa’’.
‘’Em todo tempo, o comunicador comprometido com a verdade precisa se fazer um simples questionamento: ‘o conteúdo que produzo e publico nas mídias tem atraído as pessoas para Jesus? Porém, esse questionamento deve ser ainda mais frequente no tempo quaresmal’’, destacou o gestor.
Nas celebrações e acontecimentos da quaresma, encontramos o verdadeiro sentido de toda a nossa comunicação. Não comunicamos uma mensagem qualquer, mas uma felicidade que não passa e que é uma pessoa: Jesus Cristo.
Na quaresma, vivemos um aprofundamento espiritual dedicado à conversão pessoal, por meio de práticas como o jejum, esmola e a intensificação da oração. Sabemos que isso é algo a ser vivido durante todo o ano litúrgico, mas nesse tempo de forma mais intensa.
Assim, na quaresma a responsabilidade de conduzir as pessoas a um encontro pessoal com Aquele que é a verdadeira felicidade é ainda maior. O propósito deve ser levar as pessoas, por meio das mídias, ao verdadeiro significado de cada celebração, e consequentemente, ao sentido de toda a nossa fé.
Fernando afirma que presencia muitos casos em que as mídias sociais de comunidades ou paróquias se transformam em uma grande coluna social. É muito importante divulgar os eventos e acontecimentos paroquiais, entretanto o foco deste movimento deve ser um só: chamar mais pessoas para perto de Deus e revelar as maravilhas por Ele realizadas.
‘’Devemos pensar em publicações que não tenham como finalidade expor quem esteve no evento ou a grande quantidade de pessoas, mas mostrar aquilo que está por trás, que nos move e nos une; evidenciar momentos de fraternidade e comunhão. É preciso refletir ‘qual a finalidade desta publicação? Me autopromover, através das minhas fotos? Mostrar quem estava presente? Ou expressar a beleza da fé?’”, destacou o professor.
Trabalhando com comunicação católica há quase dez anos, Fernando divide algumas dicas de temas que acredita serem mais importantes, para a evangelização durante a quaresma.
Horários de confissão
A Quaresma é tempo de conversão e nada melhor do que começar com o sacramento da confissão, no qual podemos nos reconciliar com Deus. Publique nas redes sociais os horários de confissão que sua paróquia disponibiliza, ou se você não é engajado com alguma paróquia, publique os da paróquia mais próxima e incentive as pessoas a buscarem o sacramento.
Dicas de penitência e sugestões de espiritualidade
Muitas pessoas ficam inseguras sobre quais penitências realizar neste tempo. Por isso, você pode oferecer orientações e sugestões pelas redes sociais, como por exemplo não comer doces, não comer carne vermelha, rezar o rosário, criar um plano de oração e cumpri-lo fielmente e praticar o perdão.
Publique também dicas sobre espiritualidade, para que a comunidade possa ir se aprofundando nas práticas e conhecendo o significado de cada uma delas.
Como rezar o rosário? Qual o significado da Via-Sacra? Por que ir à missa também durante a semana?
Práticas interiores e exteriores
Encoraje as pessoas a viverem esse tempo de graça. Publique sobre as virtudes, vida de santos, passagens evangélicas e mostre a importância de uma vida interior, do silêncio, para que o Senhor possa falar.
Divulgue os horários das missas, adorações e a programação proposta por sua paróquia.
Além disso, os atos de caridade são uma característica muito forte de nossa Igreja; não faltam maneiras de ajudar os mais necessitados e de realizar atos concretos. Você pode criar uma campanha de arrecadação ou incentivar visitas aos enfermos. Com certeza, isso trará um grande enriquecimento espiritual para aqueles que praticarem.
Fernando conclui recordando que a imagem é tão importante quanto os conteúdos escritos, as formações; pensar no conjunto é essencial.
A fotografia é a porta de entrada. Na maior parte das vezes, a legenda só é lida se a imagem chama a atenção do leitor. Diante disso, é essencial utilizar fotos de qualidade nas publicações e que condizem com a mensagem que deseja transmitir.
‘’O ideal é que a paróquia produza suas próprias imagens, isso vai dar mais credibilidade e proximidade para aqueles que a seguem nas redes sociais, mas muitas vezes não há uma equipe de fotógrafos. Nesse caso indico o banco de imagens Fotografia Religiosa (fotografiareligiosa.com.br)’’.
Fonte: Vatican News