Palmares, 24 de novembro de 2024

Católicos cingaleses não se sentem protegidos pelo governo, diz núncio

21 de maio de 2019   .    Visualizações: 515   .    Notícias da Igreja
Para o núncio apostólico no Sri Lanka, Dom Pierre Nguyén Van Tot, existiu muita solidariedade no país e no mundo em relação ao católicos atingidos pelos ataques de um mês atrás. A Igreja – que está ajudando as famílias das vítimas – lamenta não ter sido protegida pelo governo que havia sido alertado sobre os possíveis ataques.

Amedeo Lomonaco – Colombo (Sri Lanka)

Os católicos no Sri Lanka sentem-se abandonados por seu governo, porque não foram protegidos. É o que ressalta o núncio apostólico em Colombo,  Dom Pierre Nguyén Van Tot, um mês após os atentados no Domingo de Páscoa, que causaram a morte de pelo menos 253 mortes e deixaram mais de 500 feridas. Não basta condenar – afirma – é preciso destruir, erradicar as raízes da violência.

R. – Foi muito triste, todo o povo sofreu. Não somente os católicos, mas todos foram solidários, oferecendo também a sua ajuda para sepultar os mortos e levar os fiéis aos hospitais. Houve muita solidariedade. E mesmo o governo fez muito para ajudar o povo. Mas o trauma ainda permanece: muitas famílias foram divididas e muitas pessoas disseram: “Tínhamos uma linda família, muito feliz, e agora os terroristas a destruíram”. Assim, é uma realidade muito triste. A Igreja Católica tenta participar da dor dessas pessoas: procuramos ajudá-las.

Concretamente, como a Igreja Católica tenta curar essas feridas?

R. – Visitamos famílias, vemos quais são as necessidades e levamos as ajudas também por meio de orações, das Santas Missas. Organizamos coletas para levar comida a eles. Acredito que o arcebispo também receba ajuda financeira do exterior para apoiar essas famílias. Quanto à Nunciatura, procuro visitar algumas famílias e ver concretamente como podemos ajudar cada uma delas.

Depois dos ataques, também foram verificadas tensões entre as várias comunidades, que até então viviam em paz…

R. – Sim, os católicos não conseguiam entender como poderia ter acontecido algo do gênero, contra eles. Porém, a mensagem lançada pelo arcebispo sempre foi a de perdão e de reconciliação, ainda que ele mesmo recorde que o governo terá que punir os culpados. Portanto, os católicos não se sentem abandonados pela comunidade católica, mas sim pelo governo, e se perguntam: “Por que não fomos protegidos?” Existe esse tipo de ressentimento.

Ou seja, também o discurso político teve um papel nesta história?

R. – Sim, acredito que o governo também tenha admitido uma falha e agora tenta julgar algumas pessoas-chave, para entender o porquê não conseguiram evitar esses ataques.

Excelência, qual seria seu apelo à comunidade católica mundial, um mês após os ataques …

R. – Vejo que muitas comunidades católicas enviam mensagens de conforto. O Santo Padre também falou em duas ocasiões, no dia de Páscoa e na segunda-feira de Páscoa, e nos sentimos muito consolados por isso. Talvez os que estão no poder no mundo, deveriam erradicar essa violência. Porque, na minha opinião, não é o suficiente condenar, mas é necessário destruir a raiz dessa violência.

Fonte: Vatican News