Palmares, 11 de novembro de 2024

Uma Luz para iluminar as nações!

02 de fevereiro de 2021   .    Visualizações: 566   .    Palavra do Bispo

Meu caro Amigo, hoje a Igreja celebra a Festa da Apresentação do Senhor no Templo.

Trata-se de uma celebração ainda ligada ao Natal – na verdade é a última das festas ligadas ao ciclo do Tempo do Natal, ainda que ocorra no início do Tempo Comum. O que celebramos, precisamente?

1. Primeiramente, o Encontro – Festa do Encontro, a de hoje! – do Messias Filho de Davi com a Sua Cidade Santa e o Seu Templo. Quantas vezes os profetas haviam anunciado que Jerusalém haveria de alegrar-se pela vinda do Enviado Salvador: “Dança de alegria, filha de Sião, dá vivas, filha de Jerusalém, pois agora o teu rei está chegando, justo e vitorioso” (Zc 9,9); “Grita de alegria, filha de Sião! Canta, Israel! Filha de Jerusalém fica contente, de todo o coração, dá gritos de alegria! O Senhor aboliu a sentença contra ti, afastou teus inimigos. O rei de Israel é o Senhor, que está em teu meio; não precisarás mais ter medo de alguma desgraça. Naquele dia, Deus dirá a Jerusalém: ‘Não tenhas medo, Sião! Não te acovardes!’” (Sf 3,14-16).

Pois bem, ei-lo agora, realizando a promessa do Senhor Deus e a esperança de Israel. Jesus-Messias vem à Cidade Santa e ao Templo, cumprindo quanto Israel tanto sonhou: “Assim diz o Senhor: ‘Logo chegará ao Seu templo o Dominador, que tentais encontrar, e o Anjo da Aliança, que desejais. Ei-lo que vem, diz o Senhor dos exércitos; e quem poderá fazer-Lhe frente, no dia de Sua chegada? E quem poderá resistir-Lhe, quando Ele aparecer? Ele é como o fogo da forja e como a barrela dos lavadeiros; e estará a postos, como para fazer derreter e purificar a prata: assim Ele purificará os filhos de Levi e os refinará como ouro e como prata, e eles poderão assim fazer oferendas justas ao Senhor. Será então aceitável ao Senhor a oblação de Judá e de Jerusalém, como nos primeiros tempos e nos anos antigos’” (Ml 3,1-4). Por isso as palavras emocionadas, exultantes, agradecidas do Velho Simeão, que representa hoje todo o Antigo Israel: “Agora, Senhor, conforme a Tua promessa, podes deixar Teu servo partir em paz; porque meus olhos viram a Tua salvação, que preparaste diante de todos os povos: luz para iluminar as nações e glória do Teu povo Israel” (Lc 2,29-32).

2. Um segundo sentido, nascido das próprias palavras de Simeão: esse Menino é glória para o Antigo Israel e Luz para iluminar todas as nações da terra! Ele é o Servo Sofredor, humilde e pobre, anunciado por Isaías Profeta: “Ele disse: ‘É bem pouco seres o Meu servo só para restaurar as tribos de Jacó, só para trazer de volta os israelitas que escaparam, quero fazer de Ti uma luz para as nações, para que a Minha salvação chegue até os confins do mundo’” (Is 49,6). Eis por que nós, Novo Israel, Igreja de Cristo, Jerusalém do Alto, Cidade dos cristãos, devemos fazer nossas as esperanças e as alegrias do Antigo Israel e exultar hoje com a vinda do santo Messias! Que Ele encontre sempre Sua Igreja e o coração de cada um de nós abertos para reconhecê-Lo e acolhê-Lo! Conforme as palavras de Simeão, Ele é Luz para iluminar as nações. Por isso, a Missa começa com uma procissão com velas: eis o Menino-Luz que veio iluminar o mundo inteiro!

3. As velas acesas que trazemos nas mãos na procissão que introduz a Missa têm ainda um ulterior significado: a Igreja, Jerusalém da Nova Aliança, recebe como Virgem fiel o seu Esposo-Luz, que é Jesus. Como as virgens prudentes da parábola, a Igreja mantém a luz da sua fé, do seu amor e da sua esperança em meio às trevas deste mundo, das tantas lutas, combates e incertezas! “Eis o Noivo que chega! Saiamos ao encontro de Cristo!” Ele vem vindo sempre e nós devemos saber reconhecê-Lo e acolhê-Lo! Para isso, é essencial vigiar nas noites da vida!

4. Um último mistério desta Festa: a Virgem Maria. Ela traz nos seus braços seus filho único, seu Menino que é Luz. Vem para ofertá-Lo ao Senhor. Como a pobre viúva, ela dá tudo a Deus – esse tudo, que é seu único e amado filhinho! Ela é a Virgem oferente, mais que nosso pai Abraão, que ofereceu Isaac. Por que digo isto? Porque Deus poupou sacrifício de Isaac oferecido; mas não poupou o filho de Maria. Simeão a previne: “A oferta foi aceita! Uma espada, Virgem Maria, traspassará teu coração! Chegará a hora da cruz e tu estarás lá, consumando a oferenda do teu único filho, dAquele que é tudo para ti! Maria aqui, torna-se modelo de total entrega ao Senhor Deus, de total pobreza e desapego! Mais ainda: observe que Simeão anuncia sua dor como participação na obra da nossa salvação! Para que fôssemos salvos, para que o universo chegasse à plenitude, para que fôssemos salvos da morte eterna, o Filho da Virgem teve que Se tornar sinal de contradição, até à cruz… E isto envolveu uma espada duramente traspassada no coração materno da Toda Santa! O ensinamento da Escritura é claro: não se pode pensar a salvação sem contemplar o papel singularíssimo que a Virgem nela ocupa! Hoje, a piedade popular chama a Santíssima Virgem de Nossa Senhora da Apresentação, Nossa Senhora da Purificação, Nossa Senhora da Luz, Nossa Senhora das Candeias, Nossa Senhora da Candelária.

Muito bem, meu caro Amigo! Vamos nós, com a lâmpada da fé, do amor e da esperança, ao encontro do Esposo que vem!

Dom Henrique Soares da Costa
Bispo de Palmares


Fonte: Dom Henrique Soares da Costa.
Foto: Orthodoxia.Online.