Basta olhar com atenção… Os sintomas estão em toda parte: o mundo ocidental não aceita o cristianismo; tornou-se uma civilização ateia, que julga a religião como fonte de alienação e atraso. Para os bem-pensantes da atualidade, é inaceitável que o homem precise de Deus para organizar sua vida e discernir o que é certo ou errado, bem ou mal. Valem, para esse pessoal, as palavras de Nietzsche: “Deus morreu! Deus está morto! E nós é que O matamos! Tudo o que havia de mais sagrado e de mais poderoso no mundo esvai-se em sangue sob o peso do nosso punhal… Não vos parece grande demais essa ação? Não deveríamos nós mesmos nos tornar deuses, para pelo menos nos tornar dignos dela?” E, no entanto, muito mais que o filósofo prepotente, vale-nos a sabedoria da Palavra de Deus: “Os pensamentos dos mortais são tímidos e falíveis os nossos raciocínios. A custo conjecturamos o terrestre, com trabalho encontramos o que está à mão: mas quem rastreará o que há nos Céus?” (Sb 9,14.16)
Eis: a civilização ocidental, nascida no regaço da Mãe católica, alimentada com o leite do cristianismo, agora renega o Cristo e Sua Igreja. Pagará caro: o desprezo por sua matriz levará o Velho Continente à velhice cultural, à falta de identidade, à perda de tantas conquistas inspiradas também no cristianismo, como o respeito pela pessoa, o apreço à liberdade, o profundo sentido de solidariedade, a democracia, tudo isto, cedo ou tarde, desmoronará. A nossa civilização está se matando na loucura do imanentismo que renega toda Transcendência e na hipocrisia do politicamente correto, a serviço de uma ideologia sem Deus. Mas, quando o homem mata Deus, ele se mata também!
Os cristãos não devem ter medo de professar sua fé, de proclamar a moral e as exigências do Evangelho. Não devemos ter medo da pecha de obscurantistas, intolerantes ou anacrônicos…
Nosso critério é Cristo,
nossa Verdade é Cristo,
nossa Esperança é Cristo,
nossa Certeza é Cristo
e Cristo tal qual é crido, adorado, anunciado e testemunhado pela Igreja católica nestes vinte e um séculos, século após século, sem interrupção.
Não reconhecemos outro e de outro não queremos saber!
O diálogo com o mundo tem um só nome: amor! Amar é dizer a verdade, anunciar a verdade, sem meios termos nem meias medidas, com respeito, com compreensão, mas sem medos nem complexos.
A Verdade é Cristo e Cristo total, que nos convida à conversão. “Se não vos converterdes, perecereis todos!” (Lc 13,3.5). Não podemos converter Cristo ao homem. É o homem quem deve converter-se ao Senhor.
Que se converta a Cristo nosso Deus a sociedade atual, o homem do século XXI.
Dom Henrique Soares da Costa
Bispo de Palmares
Fonte: https://visaocristadomhenrique.blogspot.com/2019/09/um-ocidente-sem-deus.html?m=1