O sonho de Nabucodonosor, a estátua impressionante: cabeça de ouro, peito e braços de prata, ventre e coxas de bronze, pernas de ferro, pés de ferro e argila… São os reinos do mundo, os impérios que os homens constroem e construirão sempre, enquanto o mundo for mundo, pensando que são eternos, imaginando que durarão para sempre, em segurança, felicidade, poder, força e prosperidade…
Quantos impérios a história humana já viu? Dos antigos egípcios e assírios, passando pelo impressionante Império Romano, o Império Chinês, os impérios Inca e Asteca, o Império Otomano, o extenso Império Britânico, o Impérios Soviético, aos impérios econômicos e culturais, como o dos Estados Unidos… Impérios: grandes empresas, governos ditatoriais, grandes sucessos…
E, no entanto, todos desabaram e desabarão: “Então se pulverizaram ao mesmo tempo o ferro e a argila, o bronze, a prata e o ouro, tornando-se iguais à palha miúda na eira de verão: o vento os levou sem deixarem traço algum” (Dn 2,35). Tudo passa; tudo se esfarela, é pulverizado; tudo quanto o homem construa sem Deus ou contra Deus…
Há sempre “uma Pedra, sem intervenção de mão humana”, fruto da ação direta e discreta do Senhor Deus, que tritura tudo. Trata-se daquela Pedra, rejeitada pelos construtores, ignorada ou subestimada pelos homens, e que se torna sempre “Pedra angular” (cf. Sl 117/118,22s); a Pedra é o Cristo nosso Deus: “Notei, vindo sobre as nuvens do Céu, um como Filho de Homem. A Ele foi outorgado o poder, a honra e o Reino, e todos os povos, nações e línguas O serviram. Seu Império é império eterno que jamais passará e Seu Reino jamais será destruído” (Dn 7,13a.14). É Cristo a pedra que tudo destrói, porque, na Sua verdade, na Sua solidez, na Sua gloriosa consistência, tudo tritura de inconsistente, de produto da soberba humana!
Que os fiéis de Cristo saibam: todos os impérios deste mundo haverão de ser pulverizados! Tudo passa! Somente o Cristo que “estando na forma de Deus, despojou-Se, tomando a forma de Servo e tornando-Se semelhante aos homens, abaixou-Se, tornando-Se obediente até a morte e morte sobre uma cruz e por isso Deus soberanamente O elevou e Lhe conferiu o Nome que está acima de todo nome” (Fl 2,6-9), somente Ele permanecerá! Precisamente no nosso tempo, “no tempo desses reis, o Deus do Céu suscitará um Reino que jamais será destruído, um Reino que jamais passará a outro povo. Esmagará e aniquilará todos os outros reinos, enquanto ele mesmo subsistirá para sempre” (Dn 2,44).
Este é o Reino de Deus, do Pai de nosso Senhor Jesus Cristo; este é o Reino que o Senhor Jesus Cristo anunciou e inaugurou com a Sua piedosa Vinda, com a Sua bendita Paixão e Morte e com Sua gloriosa Ressurreição; este é o Reino que recebemos em nós quando, nos sacramentos instituídos por Cristo na Igreja, recebemos o Espírito Santo como (1) Vida, (2) força, (3) perdão, (4) amor que se imola, (5) amor de aliança, (6) amor que une ao Cristo na Sua Paixão, completando as Suas dores e (7) unção que habilita para agir na Pessoa do Cristo Cabeça e Esposo!
Eia, cristão! Não te impressiones com os reinos deste mundo, por grandes, poderosos ou ameaçadores que pareçam! Não os temas a ponto de desesperar-te e não os admires a ponto de divinizá-los! Nunca te esqueças: tudo quanto esteja fora de Cristo ou contra Cristo perecerá! A Ele – e só a Ele – a glória e o poder, a honra e o louvor de Eternidade em Eternidade! Amém.
Dom Henrique Soares da Costa
Bispo de Palmares (PE)
Fonte: Visão Cristã
Foto: Listen Notes