Meu caro Amigo, uma das características essenciais do cristão é o constante processo de identificação com Jesus nosso Senhor. Não se trate de algo sentimental, psicológico, digamos assim. Desde o Batismo e passando por todos os sacramentos, tendo como cume a Eucaristia, por obra do Espírito Santo do Senhor imolado e ressuscitado, o cristão vai se tornando uma só coisa com o seu Senhor, a ponto de exclamar com toda verdade “Já não sou eu quem vive; é Cristo que vive em mim!”.
Mas este processo que se dá no nível do ser, deve invadir todos os âmbitos da nossa existência: também o nosso psiquismo, nossa imaginação, nossa memória, nossos afetos e sentimentos. “Tende em vós os mesmos sentimentos do Cristo Jesus!”
Pois bem! Nestes dias que antecedem a Grande Semana ou Semana Santa, convido-o insistentemente a deixar-se inundar pelos sentimentos do nosso Salvador no Seu caminho para o Calvário e a Ressurreição. Convido-o a viver a Páscoa por dentro, tanto nos ritos sagrados da Liturgia, que nos fazem contemporâneos dos gestos salvíficos de Cristo, como também tornando seus os sentimentos e atitudes interiores do Salvador. Para isto, eis o que deve ser feito:
1. Procure ler e meditar os textos evangélicos da Missa de cada dia, começando pelos da segunda-feira passada: segunda-feira da IV semana da Quaresma. Eles são todos do Evangelho segundo João e vão mostrando a forte disputa entre Jesus e os judeus; disputa que terminará no tribunal de Pilatos.
2. Leia, meditando e tendo sempre o Cristo diante dos olhos e no coração, os quatro cânticos do Servo Sofredor: eles falam do Senhor nosso Jesus Cristo: Is 42,1-9; 49,1-7; 50,4-11; 52,13 – 53,12.
3. Reze os Salmos de súplica individual do Saltério. Reze-os emprestando a sua voz a Cristo; deixe que Cristo fale por você; reviva em você os sentimentos Dele. Eis os Salmos: 5; 6; 7; 13; 17; 22; 25; 26; 28; 31; 35; 36; 38; 39; 42; 43; 51; 54; 55; 56; 57; 59; 61; 63; 64; 69; 70; 71; 86; 88; 102; 109; 120; 130; 140; 141; 142; 143. A numeração dada aqui é a hebraica; isto quer dizer que, por exemplo, o Salmo 51 é o Salmo 50 da “Ave Maria”. Importante: quando o salmista reconhecer seus pecados, tal afirmação deve ser compreendida como Cristo que toma sobre Si as consequências dos pecados do mundo inteiro, pois o nosso Salvado nunca teve pecado: é santíssimo e Deus perfeito.
Bom exercício de oração! Boa preparação para a Semana Santa. Depois darei outras sugestões!
Dom Henrique Soares da Costa
Bispo de Palmares
Fonte: Visão Cristã
Foto: Canção Nova.