Depois de termos visto a questão das imagens no Antigo Testamento, passemos ao Novo.
Aí não há nenhuma proibição de se fazer imagens! Há, sim, duras condenações à idolatria, ou seja, a adorar e servir aos deuses falsos. Mais ainda: a idolatria, no Novo Testamento, não aparece simplesmente como veneração à imagens, mas como uma vida de vícios, gula e ganância:
Para o Novo Testamento, a idolatria é o serviço aos falsos deuses e à ganância, à riqueza, à avareza, aos vícios, à busca de enriquecimento ilícito… Tudo isto afasta o homem do Deus verdadeiro e o escraviza às paixões é ídolo e a sujeição a essas realidades é idolatria:
Mas, o Novo Testamento vai ainda mais além, e afirma algo espantoso e fundamental para a nossa fé cristã: Deus, que no Antigo Testamento era invisível – e por isso não podia ser representado por imagens -, agora fez-Se visível em Cristo Jesus! Deus agora tem imagem – Cristo feito homem e ressuscitado!
São Paulo diz claramente também em 2Cor 4,4 que Jesus Cristo é a imagem de Deus. Assim, o Deus invisível do Antigo Testamento agora fez-Se visível em Jesus Cristo, imagem do Pai:
Note-se que esta ideia é belíssima: o Deus invisível e imaterial, por amor de Suas criaturas fez-Se visível e material: agora pode ser tocado, apalpado, visto! São João, emocionado, vai afirmar esta realidade maravilhosa:
Em Jesus Cristo, Deus não é mais distante, não é mais invisível, não é mais inapalpável: Ele Se fez pessoalmente um de nós, Ele encarnou-Se, fez-Se matéria! Aqui está a diferença fundamental entre Deus no judaísmo e Deus no cristianismo! Por isso não há, no Novo Testamento, uma proibição de fazer imagens; isso já não é uma preocupação dos cristãos! Querer insistir em citar o Antigo Testamento contra o uso de imagens, além de mostrar que não se compreendeu o sentido das proibições vétero-testamentárias é também não ter compreendido o sentido profundo das consequências da Encarnação do Verbo: porque o Filho de Deus assumiu a matéria, a matéria tornou-se apropriada para exprimir, para representar o Filho de Deus e Seus santos, que são por Ele transfigurados em glória. Mas isto nós veremos num próximo tópico!
Resumindo:
A) No Novo Testamento não há nenhuma proibição de fazer imagens.
B) A idolatria (adoração aos deuses pagãos) é duramente condenada e ligada aos vícios, sobretudo o apego ao dinheiro, como se ele fosse um deus.
C) Cristo é apresentado como imagem do Deus invisível: Aquele que não tinha forma e não podia ser representado, agora tem uma imagem: o Verbo encarnado, no qual se vê e se toca na Glória de Deus invisível (cf. Jo 1,14; 1Jo 1,1-4).
Continuaremos ainda num próximo texto.
Dom Henrique Soares da Costa
Bispo de Palmares
Fonte: Visão Cristã