Palmares, 21 de novembro de 2024

Meditação para XXXII Domingo Comum – Ano A

07 de novembro de 2020   .    Visualizações: 719   .    Homilias

Sb 6,12-16
Sl 62(63)
1Ts 4,13-18
Mt 25,1-13

Caríssimos, estamos a poucas semanas do encerramento do Ano Litúrgico – Ai! como o tempo voa, como a vida passa! E a Igreja, como Mãe cuidadosa, faz-nos meditar sobre o final dos tempos e o fim da nossa vida! Fim como término, mas, sobretudo, fim como sentido, como finalidade!

Eis!
Qual o sentido da nossa existência?
Para onde correm, velozes, os dias de nossa vida?
Que fazer, caríssimos, com o breve tempo que nos foi dado neste mundo?
Estas, as questões tão importantes; estas as perguntas definitivas, que realmente contam; questões das quais o mundo atual, atolado nas miudezas provisórias do dia-a-dia, procura fugir com tanto cuidado…

Na segunda leitura deste Domingo, São Paulo nos consola: “Irmãos, não queremos deixar-vos na incerteza a respeito dos mortos, para que não fiqueis tristes como os outros, que não têm esperança…” Esses “outros” são os não-cristãos, aqueles que não conhecem o Cristo Senhor imolado e ressuscitado dos mortos! Eis aqui! Não esqueçais, não duvideis: os cristãos não vivem na incerteza a respeito dos mortos, a respeito das coisas últimas de nossa existência. Nossa esperança não se funda em especulações humanas ou em achismos! A regra da nossa fé é clara: nossa vida neste mundo é caminho para Cristo Senhor, Aquele que por nós morreu e ressuscitou, Vencedor absoluto sobre o pecado e a morte!

Todos nós caminhamos para Aquele Senhor nosso, que é o Ponto Final, o Ponto Ômega, a realização plena da humanidade, da história e da criação inteira!
Como um rio teimoso que corre para o mar, como uma flecha veloz em direção ao alvo, como um barquinho saudoso e necessitado do porto, corremos nós para o Cristo Senhor!
Em Cristo, nós ressuscitaremos: primeiro, nossa alma, logo após a morte (cf. Lc 23,46; Rm 8,38s; Fl 1,21.23; Hb 12,22-24; Ap 6,9s); depois, no final dos tempos, nosso corpo adormecido na morte, juntamente com toda esta criação. É assim; será assim! E tudo por causa do Senhor Jesus, que morreu e ressuscitou por nós!
Então, vivos ainda neste mundo ou já adormecidos em Cristo,
todos nós, no Dia do Senhor,
quando o Noivo vier no meio da noite deste mundo,
quando o Esposo da Igreja Se manifestar,
então todos nós, em corpo e alma, iremos ao encontro do Senhor, transformados em Glória, isto é, em Espírito Santo, o mesmo no qual o Pai ressuscitou Seu Filho dentre os mortos!

Quanto ao modo como isto se dará, é impossível exprimir com palavras, pois pertence ao outro mundo, ao mundo de Deus, para o qual não temos capacidade de imaginar (cf. 1Cor 2,9)! As Escrituras usam imagens:
trombetas, como as que anunciam na terra os grandes acontecimentos;
nuvens, que evocam o mundo de Deus, o invisível, o mistério, o separado deste mundo;
flutuar nos ares, o que exprime leveza, libertação, superação desta vida tão apertadas e capenga;
tronos, que exprimem a autoridade eficaz de discernir, julgar e efetivar o veredicto…
Mas, o mais importante de tudo, o que realmente conta é a finalidade de tudo isto: “Estaremos para sempre com o Senhor!” Eis: esta é a finalidade da vida, o sentido da existência, a plenitude da humanidade e do mundo!

E o caminho para alcançar tal anelo? Ei-lo: a vigilância amorosa!
Por isso mesmo, tantas vezes as Escrituras falam do encontro com o Senhor com imagens do amor, da alegria, do matrimônio: núpcias, união entre esposo e esposa, banquete nupcial, vinho que alegra o coração, alimentos em abundância, convivência feliz e exultante…
É este, precisamente, o sentido da parábola que o Senhor Jesus nos conta hoje: Ele é o noivo que vem no meio da noite deste mundo! As virgens são os cristãos, é a Igreja, que deve ser virginal de coração, coração e afeto todo inteiro para o Senhor, o Amado, sem divisões, sem mundanismos, sem ambiguidades!
E Ele demora… Demora tanto que, geração após geração, teimosa e insistentemente, na noite deste mundo, na noite da história, “o Espírito e a Esposa dizem: Vem!” (Ap 22,17).
Mas, Irmãos, dizer “vem” não é somente esperar; é esperar desejando, esperar vigiando, esperar amando, esperar na oração, na união sacramental com o Noivo, esperar na prática do bem!
É aquele que rejeita as obras das trevas, é aquele que se mantém firme na profissão da verdadeira fé católica, é aquele que vive n vontade do seu Senhor, é esse que espera de verdade pelo Cristo, com a lâmpada repleta do azeite da vigilância e do desejo!

Eis, caríssimos: como a Sabedoria da primeira leitura de hoje – Sabedoria que é o próprio Cristo -, assim o Senhor que vem no final dos tempos, já vem vindo de modo discreto e miúdo nos acontecimentos da vida, nos apelos dos irmãos, nos desafios da existência!
Estejamos atentos para reconhece-Lo, para acolhê-Lo, para abrir-Lhe as portas do nosso coração, porque a vida somente tem sentido e somente será semente de Eternidade se for vivida no Senhor e para o Senhor, que nos amou e por nós morreu e ressuscitou! “Exortai-vos, pois, uns aos outros, com estas palavras”. Amém.

Dom Henrique Soares da Costa
Bispo de Palmares (PE)


Fonte: Dom Henrique Soares da Costa
Fonte da Foto: Doxologia