Is 61,1-2a.10-11
Lc 1
1Ts 5,16-24
Jo 1,6-8.19-28
A tradição litúrgica da Igreja chama este Terceiro Domingo do Advento de Gaudete, isto é “Alegrai-vos!” No Missal Romano, a antífona de entrada exclama:
“Alegrai-vos sempre no Senhor. De novo eu vos digo: alegrai-vos! O Senhor está perto!” (Fl 4,4.5).
Como expressão dessa alegria, pode-se usar, no lugar do roxo, o cor-de-rosa, no tom conhecido como “rosa antigo”. É um roxo suavizado, misturado ao branco do tempo da Natividade, que exprime a exultação pela aproximação do Santo Natal…
Alegrai-vos! Alegremo-nos! O Senhor está perto!
Está próximo o Natal; está próxima a Vinda do Senhor;
está próximo de nós o Salvador nosso nos diversos momentos de nossa existência!
Ele não é Deus de longe; é Deus de perto: Seu Nome será, para sempre, Emanuel, Deus-conosco!
Alegrai-vos!
Há quem se alegre no pecado,
há quem se alegre em futilidades,
há quem, mesmo alegrando-se com coisas que valem a pena, esquece que toda alegria é passageira.
Quanto a vós, caríssimos, alegrai-vos com tudo quanto é bom e louvável, mas colocai vossa maior e definitiva alegria no Senhor!
Somente Nele o coração repousa plenamente, somente Nele encontra-se a paz que dura mesmo em meio à tribulação mais dura, somente Nele o anseio mais profundo de nossa alma.
Alegrai-vos! Mas seja o Senhor o fundamento da vossa alegria, a causa última da vossa exultação!
Mas, quem é esse Senhor, em quem nos mandam que nos alegremos?
O Batista, neste hoje, nos adverte: “No meio de vós está Aquele que vós não conheceis!”
Quem é Ele? Quem é este “Aquele”?
João Batista, como bom mensageiro, faz questão de desaparecer: “Não sou o Messias, não sou Elias, não sou o Profeta anunciado por Moisés! Sou apenas a voz que grita no deserto: ‘Aplainai o caminho do Senhor!’”
Insistimos: quem é Esse que está no nosso meio e que é preciso conhecer e reconhecer sempre de novo para ter a alegria verdadeira?
Ele é o Messias, Jesus de Nazaré, o Ungido de Deus, o Enviado para trazer a salvação, a alegria e a paz para todos os pobres de todas as pobrezas do mundo.
Ouçamo-Lo, deixemos que Ele próprio Se nos apresente:
“O Espírito do Senhor Deus está sobre Mim, porque o Senhor Me ungiu; enviou-Me para dar a Boa-nova aos humildes, curar as feridas da alma, pregar a redenção aos cativos e a liberdade para os que estão presos; para proclamar o tempo da graça do Senhor!”
Eis, caríssimos, o Messias que esperamos, o Salvador que Deus nos concedeu. Ele, que veio em Belém, que virá no final dos tempos, Ele mesmo vem a cada dia de nossa atribulada existência!
– Vem, Senhor Jesus!
Vem, santo Messias!
Teu povo suspira por Ti, Tua Igreja sofrida, batida pelas tempestades dos dias atuais e caminheira nas estradas do mundo, precisa de Ti!
Não nos abandones, não nos deixes sozinhos!
Vem, Ungido de Deus,
prometido aos nossos pais,
anunciado pelos profetas,
esperados por todos os justos,
apontado pelo Batista,
colocado sob a guarda do carpinteiro José,
concebido e dado à luz pela Virgem Mãe!
Vem, e a Mãe Igreja exclamará (e nosso coração exclamará com ela):
“Exulto de alegria no Senhor e minha alma regozija-se no meu Deus;
Ele me vestiu com vestes de salvação;
adornou-me como um noivo com sua coroa ou uma noiva com suas jóias!”
Caríssimos, eis a causa da nossa alegria. Nós, os cristãos, temos direito de nos alegrar, mesmo diante das tristezas do mundo; temos o dever de manter a esperança, mesmo quando as possibilidades humanas fracassam; temos a oportunidade de continuar esperando ainda quando os nossos cálculos mostrem-se errados. Porque nossa esperança e certeza não se fundam em nós nem em nossas possibilidades, mas Naquele que vem, Naquele que o Pai do céu nos envia, Naquele que nunca conseguiremos conhecer totalmente, o Santo Messias do Pai, Jesus, nosso Deus-Salvador!
Resta-nos, então, escutar com atenção o conselho do Apóstolo: estar sempre alegre em Cristo; com os olhos fixos nele; orar sem cessar, buscando realmente ser amigo íntimo do Senhor, dando graças em todas as circunstâncias, sabendo que ele está próximo de nós, nunca longe de nossas aflições e desafios. E mais: afastarmo-nos de toda maldade, procurando viver segundo Cristo e não segundo o mundo, santificando no Senhor o nosso corpo, nossa alma e nosso espírito ou, em outras palavras, nossa dimensão física, nossa vida inteligente e nossa sede de Deus, nossa saudade de Infinito.
Caríssimos, num mundo que despreza todo aquele que deseja ser cristão de verdade, numa sociedade pagã, que ridiculariza e olha com indiferença todo aquele que realmente procura ser fiel ao Evangelho, tenhamos esta certeza: “Quem vos chamou é fiel; Ele mesmo realizará isso!” Ele nunca nos deixará!
Que a escuta da Palavra santa do Senhor e a participação no mistério do Seu Corpo e do Seu Sangue nos preparem não somente para as festas que se aproximam, mas, sobretudo para o Dia da Vinda do nosso grande Deus e Salvador Jesus Cristo! Amém.
Dom Henrique Soares da Costa
Bispo de Palmares (PE)
Fonte: Dom Henrique Soares da Costa
Foto: Vatican News