Meditação XXVII: Por Cristo, com Ele e Nele todo bem e toda graça
Reze o Salmo 119/118,33-40
Leia, ainda uma vez, como lectio divina, Tb 12.
1. É preciso ainda voltar aos vv. 6-10. É necessário aprofundar duas afirmações de Rafael, palavras que podem ser luz para os nossos passos nesta vida. Vamos, passo a passo:
a) “Bendizei a Deus e proclamai entre os viventes os bens que Ele vos concedeu!”– Proclamar as ações de Deus é louvá-Lo, é uma forma também de anunciá-Lo. O Povo de Israel e, atualmente, o Novo Israel, que é a Igreja, terão sempre o dever sagrado de testemunhar as obras do Senhor, Sua atuante presença no mundo. Nosso Deus não é um deus ausente, não é um deus teórico, reduzido a uma ideia etérea, irreal. Mesmo nos momentos de dor e de sofrimento da história do mundo e de cada um de nós, é Ele que está sempre presente e atuante! Reze o Sl 135/124. Se nós nos calarmos, estaremos sendo infiéis. Estejamos atentos, que o politicamente correto nos quer aprisionar numa religiosidade aguada, vazia, de um deus simplesmente pai de todos, um deus ideal, que é bonzinho e tudo aceita, olhando simplesmente se somos coerentes com nossos próprios desejos, com nossa própria consciência e vontade. Ou seja: basta que eu seja coerente comigo mesmo, fechado em mim mesmo; basta que o homem seja bonzinho com o homem… Esquecemo-nos, neste caso, de que o Senhor nos mostrou o caminho, nos revelou a Sua vontade, proibiu-nos de nos fecharmos em nós mesmos, deu-nos preceitos, ordenou-nos escutá-Lo no Seu Filho, que é o Seu Verbo bendito e santo (cf. Dt 5,32 – 6,9; Mt 17,5). Os grandes bens que o Senhor nos concedeu e que devemos proclamar são, primeiramente, as Suas grandes obras salvíficas: como criou tudo, como chamou Abraão e dele fez um Povo para Si, como retirou Israel do Egito, como deu-lhe a Lei através de Moisés, como o guiou no deserto com sinais e prodígios, como o educou, enviando uma multidão de profetas, como o castigou e o recuperou e, sobretudo, como, “na plenitude dos tempos” (Gl 4,4), “enviou o Seu Filho Unigênito para que não pereça todo aquele que Nele crê, mas tenha a Vida eterna!” (Jo 3,16). Ainda é necessário proclamar como o Cristo Senhor,“entregue pelos nossos pecados e ressuscitado para nossa justificação” (Rm 4,25), é o único Senhor de tudo (cf. Fl 2,11; 1Cor 8,5s), do universo, da história, da Igreja, que Ele guia e é Sua Esposa e, finalmente, cuida de todos nós, de cada um de nós… E aí, nosso louvor e proclamação podem chegar aos fatos concretos e miúdos da nossa vida: “Ele dá o pão a toda carne, porque o Seu amor é para sempre!” (Sl 137/136,25; cf. Mt 6,25-34).
b) “Melhor é a esmola com a justiça do que a riqueza com a iniquidade. É melhor praticar a esmola do que acumular ouro. A esmola livra da morte e purifica de todo pecado. Os que dão esmola terão vida longa; os que cometem o pecado e a injustiça são inimigos da própria vida” – Algumas afirmações interessantes sobre a esmola; uma verdadeira exortação e motivação a esta prática… Aprofundemos um pouco. Numa sociedade como a nossa, fixada em ter, em consumir, totalmente refém de um bem-estar desenfreado, a Palavra de Deus associa a esmola com a retidão, a justiça, a piedade – é este o sentido de justiça, no texto – e a riqueza, com a iniquidade. Por quê? Porque a esmola é sempre uma abertura para os outros, uma sensibilidade para as suas necessidades espirituais e materiais. Ora, uma atitude assim nos aproxima de Deus, do Seu amor, da Sua bondade, da Sua liberalidade, que cuida de todas as Suas criaturas. Leia Lc 6,36. Assim, a esmola ajuda no caminho para perceber o Senhor, para ter em nós os mesmos sentimentos dos Cristo Jesus (cf. Fl 2,5). Já o afã de ter, de escorar-se nas seguranças humanas, materiais ou não, leva, de um modo ou de outro, cedo ou tarde, à iniquidade: sem que se perceba, a escravidão aos bens deste mundo vai obscurecendo a consciência e vão-se afrouxando os verdadeiros valores, a ponto de se viver uma vida iníqua! Por isso, Jesus nosso Senhor previne duramente contra uma vida frouxa, satisfeita consigo própria (cf. Lc 6,20-26). O cristão deve procurar ter uma vida equilibrada e simples, dando a cada aspecto da existência seu justo valor e correspondente importância, mas tudo vivendo diante do Senhor e a Ele tudo relacionando. Leia, rezando, Mt 6,11a; compare com Pr 30,7-9.
Por tudo isto, é melhor a esmola praticada que o ouro acumulado: a esmola feita, enriquece de vida e amor a tantos, provoca bênção e ação de graças em muitos, conquista-nos amigos no Céu e nos abre para o Senhor (cf. Lc 16,9-13); já o ouro acumulado de modo mesquinho e ganancioso nos fecha em nós mesmos, tornando-nos pobres para os outros, fechados para Deus e nos mata, primeiro no coração neste mundo e, depois, na Eternidade (cf. Lc 12,16-21; 1Tm 6,6-10)! Por isso, o texto de Tobias diz que a esmola livra da morte: da morte do coração, da morte da alma, provocada por uma vida fechada em si e estéril! Por isso também afirma que purifica do pecado, porque todo pecado é um fechamento em si, nos afastando do Senhor Deus e dos outros. A esmola é abertura aos irmãos por amor de Deus e no amor de Deus! Por tudo isto, a conclusão é clara e cortante: “Os que dão esmola terão vida longa; os que cometem o pecado e a injustiça são inimigos da própria vida!” Pense bem: o que é viver verdadeiramente: simplesmente viver, sobrevivendo, fechado em si ou, ao invés, viver no diálogo amoroso com o Senhor e, no amor do Senhor, na abertura de coração e de bolso para os irmãos? Lembre da palavra do Senhor: “Há mais alegria em dar que em receber!” (At 20,35). Reze o Sl 112/111.
2. Os vv. 12-15 tratam do papel dos Anjos nas nossas relações com Deus. Ao longo destas meditações, já falamos sobre esses seres espirituais, criados para a comunhão com Deus e o Seu louvor e também, misteriosamente, colocados como “espíritos servidores, enviados ao serviço dos que devem herdar a salvação” (Hb 1,14). Atenção mais uma vez: dos Anjos, sabemos apenas o que a Escritura Santa nos revela. E o que ela nos ensina é que foram todos criados pelo Pai através do Filho no Espírito. Como todas as criaturas, a realização desses seres encontra-se na comunhão de vida e amor com o Deus uno e trino. Sabemos que alguns deles foram colocados a serviço do desígnio salvador do Senhor Deus para toda a humanidade. É o que vemos no caso de Rafael: ele apresentava ao Senhor as orações e as boas obras de Tobit! Claro que esta linguagem aqui é figurada! Não vamos pensar um Arcanjo lendo um relatório diante de Deus, o Onisciente! Aqui, temos um modo de falar humano de uma realidade que nos ultrapassa completamente! Cuidado para não cairmos em leituras ingênuas e, por vezes, ridículas, das Escrituras Santas! Eles intercedem por nós, pois estão ao serviço da nossa salvação para a glória de Deus. Afirmar que os Anjos intercedem em nada diminui a única mediação do Cristo nosso Senhor, pois é Nele e para Ele que tudo existe e subsiste (cf. Cl 1,15s) e é Nele, no Seu Espírito Santo, que toda a mediação se dá, pois Ele é Cabeça de toda a criação (cf. 1Cor 15,26-28; Cl 1,16-18). A mediação dos Anjos deve ser compreendida no mesmíssimo sentido da mediação dos santos no Céu e dos santos batizados na terra. Neste sentido, o que for dito sobre os santos vale para os Anjos, enquanto, no Espírito de Cristo, Espírito de comunhão de amor, uns e outros vivem a mesma Vida divina no Corpo do Imolado e Ressuscitado (cf. Ap 5,6). Vejamos isto com mais vagar, a seguir.
3. É verdade que somente Jesus Cristo salva: “Não há, debaixo do Céu, outro nome dado aos homens pelo qual devamos ser salvos” (At 4,11); Ele é o único Mediador entre Deus, nosso Pai, e a humanidade: “Há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, um homem, Cristo Jesus, que Se deu em resgate por todos” (1Tm 2,5). Nele nós temos a bênção da graça e da salvação: “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos abençoou com toda a sorte de bênção espirituais, nos Céus, em Cristo. É pelo sangue Deste que temos a redenção, a remissão dos pecados… (Ef 1,3.7). Este, é, portanto, um ponto central claríssimo da fé católica: só Cristo salva e somente Cristo intercede por nós junto do Pai. Não há outra mediação fora da mediação do único e absoluto Salvador, Cristo Jesus.
A Escritura nos ensina também que todos os batizados foram revestidos de Cristo e, tornando-se uma só coisa com Ele, são membros do Seu Corpo, que é a Igreja. Ser cristão é estar incorporado, enxertado no Senhor Jesus ressuscitado (cf. Gl 3,27; 1Cor 12,27; Rm 12,5) A união nossa com Cristo é tão forte e real, tão concreta e verdadeira, que São Paulo afirma que o cristão é batizado (isto é, mergulhado) em Cristo, no Cristo, dentro de Cristo. Leia Rm 6,3-9. Assim, a vida dos bem-aventurados no Céu – e também já aqui na terra a Vida de cada batizado – é Vida em Cristo: “A graça de Deus é a Vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor (Rm 6,23). A Ele estamos unidos como os ramos à videira, de tal modo que vivemos da Sua mesma Vida gloriosa (cf. Jo 15,1.4-5). Portanto, o cristão é aquele que permanece em Cristo, que vive não mais por si mesmo, mas por Cristo. A seiva, a vida nova da qual vivem os cristãos é o próprio Espírito Santo do Senhor Jesus ressuscitado, recebido no Batismo: “Aquele que se une ao Senhor, constitui com Ele um só Espírito” (1Cor 6,17); “Pois fomos todos batizados num só Espírito para ser um só Corpo… e todos bebemos de um só Espírito” (1Cor 12,13). De tal modo isto é verdadeiro, real, que o Apóstolo exclamava: “Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim” (Gl 2,20); “Para mim o viver é Cristo…” (Fl 1,23). Cristo está de tal modo presente no cristão e este é de tal modo enxertado em Cristo e Nele incorporado, que fazia o Apóstolo afirmar: “A vossa vida está escondida com Cristo em Deus” (Cl 3,2) e falar também do mistério de Deus que é “o Cristo em vós, a esperança da Glória” (Cl 1,27). Aparece assim claramente que os batizados – particularmente os que estão na Glória – são uma só coisa com Cristo, estão em Cristo, foram “con-formados” com Cristo, são membros de Cristo, que é Cabeça de todos. Não há, para aqueles que estão na Glória, outra vida que não a de Cristo e em Cristo!
4. Demos um passo adiante. O Espírito de Cristo ressuscitado em nós, fazendo-nos uma só coisa com o Senhor Jesus, suscita em nós os bons sentimentos e as boas obras: tudo de bom que pensamos e fazemos é suscitado pelo Espírito Santo em nós: “É Deus quem opera em vós o querer e o operar” (Fl 2,13). É exatamente porque cremos em Cristo, porque estamos unidos a Ele e Nele estamos enxertados e incorporados pelo Batismo, que podemos realizar as obras da fé, daquela fé que atua pela caridade (cf. Gl 5,6). Quando rezamos, não somos nós que rezamos: em última análise, quem ora em nós, quem louva em nós e intercede em nós é o próprio Espírito do Cristo Jesus ressuscitado. Leia Rm 8,26s. É por isso que, já aqui na terra, pedimos aos nossos irmãos que intercedam por nós. Dizemos uns aos outros: “Fulano, reze por mim!” O próprio Novo Testamento recomenda que rezemos uns pelos outros (cf. 2Cor 1,1; Ef 1,16; 6,19; Fl 1,4; Cl 4,12; 1Ts 1,2; 1Ts 5,25; 1Tm 2,1; Tg 5,16). Pedimos a oração de um irmão batizado porque sabemos que ele ora em Cristo, que esse irmão é uma só coisa com Cristo, já que é membro do Seu Corpo e vive do Espírito do Senhor ressuscitado, de modo que já não é ele quem ora, mas é Cristo que ora nele como Mediador único entre nós e Deus.
Com nossos irmãos que estão na Glória e os Anjos com eles em comunhão no Céu, todos mergulhados no Espírito do Ressuscitado, acontece o mesmo. A morte não nos separa do amor de Cristo nem dos irmãos, não rompe a comunhão entre os que estão com o Senhor, no Céu, e nós, peregrinos: “Estou convencido de que nem a morte nem a vida nem qualquer outra criatura poderá nos separar do amor de Deus manifestado em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 8,38s). No Senhor, todos vivem e permanecem unidos no amor. Se a morte interrompesse uma tal comunhão em Cristo isso significaria que ela – a morte – seria mais forte que o amor, que a Vida e que a vitória do Senhor Jesus. Mas, não! Cristo é mais forte que a Morte e o Inferno: “Morte, onde está a tua vitória? Morte, onde está o teu aguilhão?” (1Cor 15,55). Desse modo, nossos irmãos que estão com Cristo (cf. Fl 1,23) na Glória, são plenamente membros do Corpo do Cristo, vivem do Espírito do Cristo ressuscitado e participam da única mediação de Cristo! É Cristo quem intercede neles, de modo que a intercessão dos Santos, amigos de Cristo, nada mais é que uma admirável manifestação do poder e da fecundidade da única mediação do Senhor Jesus. Ele é o único Mediador, que inclui na Sua mediação única todos os que são uma só coisa com Ele por serem membros do seu Corpo. A mediação do Senhor Jesus não é mesquinha: é única, mas não é exclusivista; ela inclui todos nós; não é exclusiva, mas inclusiva! Caso contrário, nem nós, que vivemos ainda neste mundo, poderíamos rezar uns pelos outros, já que isso é também uma forma de mediação. Assim, é em Cristo, como Seus membros, no Seu Espírito, que os Anjos e os Santos intercedem ao Pai. A intercessão dos Santos nada mais é que uma manifestação da única intercessão do Senhor Jesus, que, sendo rico e potente, suscita em nós a capacidade de participar da sua única mediação. O mesmo vale para os Anjos bons, enquanto criaturas do Pai pelo Filho no Espírito, totalmente dedicados ao louvor do Deus uno e trino. Quanto aos santos, nossos irmãos na Glória são aquela nuvem de testemunhas de que fala a Epístola aos Hebreus: “Portanto, também nós, com tal nuvem de testemunhas ao nosso redor, rejeitando todo o fardo e o pecado que nos envolve, corramos com perseverança a corrida que nos é proposta, com os olhos fixos Naquele que é o Autor e Realizador da fé, Jesus” (Hb 12,1-2). São eles que, a exemplo dos primeiros santos mártires, participando da mediação única do Senhor Jesus, e nessa única mediação, suplicam em nosso favor, como membros de Cristo: “Vi sob o Altar as vidas dos que tinham sido imolados por causa da Palavra de Deus e do testemunho que dela tinham prestado. E eles clamaram em alta voz: ‘Até quando, ó Senhor Santo e Verdadeiro, tardarás a fazer justiça, vingando nosso sangue contra os habitantes da terra?’” (Ap 6,10) De tudo isto, fica claro que a Igreja de Cristo, ao ensinar que os nossos irmãos do Céu, os santos, intercedem por nós, mostra o quanto a única mediação de Cristo é fecunda e eficaz; de tal modo fecunda e eficaz, que nela nos inclui e dela nos faz participantes! Não se trata, portanto, nem de concorrência, nem de competição e nem mesmo de uma mediação paralela à mediação única de Cristo. Também não se trata de uma escadinha de mediadores: os santos e os Anjos seriam mediadores junto a Cristo e Cristo é o Mediador junto ao Pai. Não! Há um só Mediador! Todos os outros apenas participam da única mediação do Cristo Jesus, nossa Cabeça e nossa santificação. Se participamos desta mediação única é exatamente porque, pelo Batismo, recebemos a plenitude de Cristo: “Nele aprouve a Deus fazer habitar toda a plenitude e reconciliar por Ele todos os seres” (Cl 1,19); “E da Sua plenitude todos nós recebemos graça sobre graça!” (Jo 1,16).
5. Terminemos a presente meditação com algumas rápidas observações sobre os vv. 16-21: (a) Quando Tobit e Tobias ficam sabendo que Azarias é o Arcanjo Rafael, “caíram com a face em terra, com grande temor”. É que ao Anjos, sendo vindos do mundo invisível, apesar de serem criaturas, tem uma proximidade com o Deus vivo muito maior que os homens e, assim, refletem algo da gloriosa santidade do Altíssimo, causando no ser humano um temor reverencial. No texto da Vulgata, no v. 19, Rafael explica: “Parecia-vos que eu comia e bebia convosco, mas o meu alimento é um manjar invisível e minha bebida não pode ser vista pelos homens”. (b) Mais uma vez, Rafael deixa claro que ele não veio por si mesmo e não age por si próprio, mas veio da parte de Deus e é expressão da Sua bondosa providência. Um Anjo é mensageiro e instrumento das ordens do Altíssimo. Terminada a missão, ele desaparece, retira-se humildemente. Não há ação angélica no nosso mundo que não seja expressamente por desígnio do Altíssimo em ordem à salvação dos homens. Daí a conclusão da sua missão: “Vou voltar para Aquele que me enviou!” (c) Muito interessante qual foi a grande maravilha para Tobit e Tobias: não foi o dinheiro recuperado, não foi a vista curada, não foi ter encontrado Sara como esposa, mas “haver-lhes aparecido um Anjo de Deus”. Como é diferente a ordem dos valores e das prioridades para quem crê! Pense nisto.
6. Há ainda um ponto para nossa oração neste capítulo 12. Veremos na próxima meditação. Por agora, juntando-se ao louvor de Tobit e Tobias, reze os Salmos 146/145 e 147/146-147.
Dom Henrique Soares da Costa
Bispo de Palmares
Fonte: Visão Cristã