Palmares, 22 de novembro de 2024

Homilia para a Festa do Batismo do Senhor – ano a

11 de janeiro de 2020   .    Visualizações: 685   .    Homilias

Is 42,1-4.6-7
Sl 28
At 10,34-38
Mt 3,13-17

A Festa de hoje encerra o sagrado tempo do Natal: o Pai apresenta, manifesta a Israel o Salvador que Ele nos deu, o Menino que nasceu para nós: “Tu és o Meu Filho amado; em Ti ponho o Meu Bem-querer”, ou, segundo a versão de Mateus: “Este é o Meu Filho amado, em Quem Me comprazo!” (3,17).
Estas palavras contêm um significado muito profundo: o Pai apresenta Jesus usando as palavras do profeta Isaías, que ouvimos na primeira leitura da Missa. Mas, note-se: Jesus, nosso Senhor não é somente o Servo; Ele é o Filho, o Filho amado! O Servo que o Antigo Testamento anunciava é também o Filho amado eternamente! No entanto, é Filho que sofrerá como o Servo, que deverá exercer Sua missão de modo humilde e doloroso!

Hoje, às margens do Jordão, Jesus nosso Senhor foi ungido com o Espírito Santo como o Messias, o Cristo, Aquele que as Escrituras prometiam e Israel esperava. Agora, Ele pôde começar publicamente a missão de anunciar e inaugurar o Reino de Deus. Esta missão, Ele começou desde que Se fez homem por nós; agora, no entanto, irá manifestar-Se publicamente, primeiro a Israel e, após a Ressurreição, a toda a humanidade. É na força do Espírito Santo que Ele pregará, fará Seus milagres, expulsará Satanás e inaugurará o Reino; é na força do Espírito que Ele viverá uma vida de total e amorosa obediência ao Pai e doação aos irmãos até a morte e morte de Cruz.

Mas, atenção: como já dissemos, esse Jesus que é o Filho, é também o Servo sofredor, anunciado por Isaías. Hoje, o Pai revela ao Filho Jesus feito homem qual o modo, qual o caminho que Ele deverá seguir para ser o Messias como Deus quer: na pobreza, na humildade, no despojamento, no serviço, na vida doada até a morte de Cruz! É assim que o Reino de Deus será anunciado no mundo. Jesus, o Cristo do Pai, deverá ser manso: “Ele não clama nem levanta a voz, nem se faz ouvir pelas ruas”. Deverá ser cheio de misericórdia para com os pecadores, os fracos, os pobres, os sem esperança: “Não quebra a cana rachada nem apaga um pavio que ainda fumega”. Ele irá sofrer, ser tentado ao desânimo, mas colocará no Seu Deus e Pai toda a Sua esperança, toda a Sua confiança: “Não esmorecerá nem Se deixará abater, enquanto não estabelecer a justiça na terra”. O Senhor Deus estará sempre com Ele e Ele veio não somente para Israel, mas para todas as nações da terra: “Eu, o Senhor, Te chamei para a justiça e Te tomei pela mão; Eu Te formei e Te constituí como Aliança do Povo, luz das nações, para abrires os olhos aos cegos, tirar os cativos da prisão, livrar do cárcere os que vivem nas trevas”.

E Jesus nosso Senhor já começou cumprindo Sua missão na humildade: Ele entrou na fila dos pecadores, para ser batizado por João. Ele, que não tinha pecado, assumiu os nossos pecados, fez-Se solidário conosco; Ele, o Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo! “João tentava dissuadi-Lo, dizendo: ‘Eu é que tenho necessidade de ser batizado por Ti e Tu vens a mim?’ Jesus, porém, respondeu-lhe: ‘Deixa estar, pois assim nos convém cumprir toda a justiça’” (Mt 3,14s). Assim convinha, no plano do Pai, que Jesus Cristo Se humilhasse, Se fizesse Servo e assumisse os nossos pecados! Ele veio não na glória, mas na humildade, não na força, mas na fraqueza, não para impor, mas para propor, não para ser servido, mas para servir. Eis o caminho que o Pai indica ao amado Jesus, eis o caminho que o Filho Jesus escolheu livremente em obediência ao Pai, eis o caminho dos cristãos, e não há outro!

Uma última observação, muito importante: João diz: “Eu vos batizo com água, mas virá Aquele que é mais forte do que eu. Ele vos batizará no Espírito Santo e no fogo”. O batismo de João não é o sacramento do Batismo: era somente um sinal exterior, indicando que alguém se reconhecia pecador e queria preparar-se para receber o Messias. Ao ser batizado no Jordão, Jesus é ungido com o Espírito Santo para a missão. Esta unção será plena na Ressurreição, quando o Pai derramará sobre Ele o Espírito como Vida da sua vida. Então – e só então – Ele, pleno do Espírito Santo que O ressuscitou, derramará este Espírito, que será também Seu Espírito, sobre nós, dando-nos uma nova Vida, Vida divina!
Para os cristãos, não há batismo nas águas, mas somente Batismo no Espírito, simbolizado pela água (cf. Jo 3,5; 7,37-39). Ao sermos batizados, recebemos o Espírito Santo de Jesus Cristo, o Filho amado e, por isso, somos feitos participantes da Sua missão de viver, testemunhar e anunciar o Reino de Deus, a Vida eterna, a Vida no amor a Deus e aos irmãos, que o Cristo veio anunciar ao Se fazer homem igual a nós! Mas este testemunho não é de uma festividade superficial, de uma alegria leviana, mas um testemunho dado na simplicidade, na pobreza e na humildade do dia a dia!

Eis! O Menino que nasceu para nós, a Criança admirável que cresceu em sabedoria, idade e graça, submisso aos Seus pais na família de Nazaré, o Deus perfeito, filho da Toda Santa Mãe de Deus, Aquele que com o brilho de Sua Estrela atraiu a Si todos os povos, hoje é apresentado pelo Pai: Ele é o Filho querido, Ele é o Servo sofredor, Ele é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, Ele é o Messias, o Ungido de Deus! Acolhamo-Lo na nossa existência e no nosso coração e nossa vida terá um novo sentido. Seguindo-O, chegaremos ao Coração do Pai que O enviou e é Deus com Ele e o Espírito Santo pelos séculos dos séculos. Amém.

Dom Henrique Soares da Costa
Bispo de Palmares


Fonte: Blog Visão Cristã